segunda-feira, 25 de julho de 2011

Viagem a Rodes, Grécia - Parte V

Olá!

Bom, agora que conheceram um pouco mais da história da ilha, vou contar como foram esses oito dias lá.

1° dia - Saída de Freiburg e Chegada a Rodes - Saímos de Freiburg rumo ao EuroAirport, metade dele construído em Basel, na Suíca, e a outra metade em Mulhouse, na Franca, de ônibus. Há uma empresa que tem um servico de transporte direto da estacao central de ônibus daqui da cidade para o aeroporto. Em menos de uma hora estávamos lá. Chegamos duas horas e meia antes do vôo, despachamos a mala e ficamos passeando pelo prédio. Voaríamos de Air Berlin, considerada, no ano passado, a companhia mais segura do mundo. De bobeira lá, fotografei um aviao com uma mosca gigante desenhada na parte da frente da aeronave e com a palavra "Niki" na cauda e fiquei me perguntando que companhia que escolhera uma mosca, como "símbolo" e ainda acrescentei "Ainda bem que vamos de Air Berlin. Eu nao viajaria numa companhia que ostenta um inseto como marca. Por que um inseto, uma mosca, que é chata e frágil? Por que nao uma ave de rapina ou um pelicano, um ganso ou até um pato?" (puro preconceito meu, claro!). Rá! Dito e feito... tive que embarcar naquele aviao. Já acomodado no meu assento, peguei o encarte que dita as normas de seguranca de vôo e mais uma revista da companhia aérea e percebi que a mesma pertence ao ex campeao mundial de F1, Niki Lauda e que ela e a Air Berlin sao "parceiras".

Vista aérea de uma das ilhas do Dodecaneso
A viagem foi tranquila, fui sentado na janela. Sobrevoamos Sarajevo e Thessaloniki (o maior porto da Grécia) até comecarmos a sobrevoar as ilhas do Dodecaneso. Tentei fazer umas fotos das ilhas. Tenho certeza que eu nao consegui reproduzir na câmera digital a beleza que eu vi. A olho nu, é mil vezes mais bonito, mesmo lá do alto.

Depois de 2h e 40 minutos de viagem, chegamos em Rodes, com mais uma hora de diferenca no fuso horário em relacao à Alemanha. O aeroporto é bem pequeno, bem simples. Placas e sinais escritos em grego e em inglês. Nos dirigimos ao guichê da agência de turismo para pegarmos o papel com a reserva do hotel. Feito isso fomos para o ônibus da agência que nos levaria ao hotel.

O ônibus foi parando de hotel em hotel, largando os passageiros (o vôo estava cheio!) e durante o trajeto deu para ver um pouco da cidade de Rodes, os letreiros de lojas, restaurantes e anúncios do comércio escritos em grego (hoje eu entendo perfeitamente a frase "Para mim, isso é grego!") e levamos uma meia hora até chegarmos no nosso destino, em Kalithéa, na costa leste da ilha, uns 10km distante da cidade de Rodes.
Ainda havia sol depois que nos instalamos em nosso quarto. Nada de especial, simples, mas com um bom chuveiro e cama. A mobília do banheiro era velha e a do quarto nova, com um frigobar vazio. Tínhamos uma aérea com uma mesa e duas cadeiras que dava para o gramado do hotel.

Trocamos de roupa e saímos correndo para vermos o mar e dar um mergulho. Achamos um caminho que levava para a "praia". Era uma enseada com muitas pedras na beira e com a água bem clarinha. Sem chances de tomar banho ali. Ainda assim, molhei meus pés, ao menos. Voltamos para o hotel pouco tempo depois para jantarmos.

A comida era muito ruim, ruim mesmo. Deixa eu explicar (e depois voltarei a esse assunto): tivemos que fazer a reserva com café da manha e janta. A opcao era "meia-pensao", café e janta, ou "tudo incluso", café da manha, almoco, "petiscos" e drinks no bar da piscina e janta. Nao tínhamos a opcao de pagarmos apenas o café da manha. Comemos e fomos num minimercado para comprarmos alguma coisa para beber durante a noite, pois como eu disse, o frigobar estava vazio. Depois disso, ficamos no quarto, lendo o guia que compramos para decidirmos o que faríamos no segundo dia. Escolhemos ir para a praia de Faliráki passar o dia inteiro rolando na areia de um lado para o outro, sem fazermos nada, feito focas gordas, apenas curtindo a praia e o sol. Dormimos.

2° Dia - Praia de Faliráki - Acordamos cedo, tomamos café da manha, horrível, por sinal, mas já esperávamos por isso, pelo que tínhamos visto da janta no dia anterior. Consultamos o horário do ônibus que nos levaria para Faliráki e aprontamos a mochila com toalha, protetor solar, dinheiro, boné, água, etc..
No caminho para pegarmos o ônibus, me dei conta que eu nunca tinha visto uma cidade com tantas locadoras de carro por km² na minha vida. É sério. Em cada esquina, uma locadora de carro; e barato. Tipo, € 60,00 três dias. Ficamos na dúvida em alugar um ou nao. Decidimos nao alugar. Pegamos um ônibus de linha que mais parecia um ônibus intermunicipal, bom, com ar condicionado e tudo.

Em pouco tempo estávamos na praia de Faliráki, antes das 11h. A parada do ônibus era na rua em frente à praia. Fomos caminhando pela areia em direcao aos muitos guarda-sóis, metodicamente colocados lado a lado, num intervalo de espaco calculado com fita métrica, provavelmente. Para cada guarda-sol, havia duas cadeiras (espreguicadeiras). Bem pouca gente na praia, pudemos escolher o lugar que queríamos.
Em seguida veio um senhor simpático nos dizer que deveríamos pagar € 8,00 para passar o dia utilizando as cadeiras e o guarda-sol. Já imaginávamos que de graca nao seria. Pagamos e nos instalamos.
Mais uns minutos e veio um garcom, o qual trabalhava para um dos restaurantes à beira da praia. Muito simpático também, falando em inglês, perguntou se gostaríamos de comer ou beber algo e que estaria à nossa disposicao para o que a gente quisesse e que nao precisaríamos nos incomodar em levantarmos e irmos até o bar.

Praia de Faliráki
Nao aguentei muito tempo sentado e fui para o mar. Como sempre, no início, a água é um pouco gelada, mas depois que o corpo acostuma, uma beleza. A água era bem clarinha, o que permitia ver os pés com água na altura do peito, o mar bem calmo e raso. Achei a água do mar menos salgada do que aí no Brasil, ou pelo menos o sul do Brasil. O clima é seco e quase nao suei, mesmo exposto ao sol. No mais, passamos o dia inteiro lá, da cadeira para água, da água para a cadeira, uma pausa para comer e beber, e mais banho.

No fim do dia, resolvemos caminhar um pouco pela cidade, antes de pegar o ônibu para voltarmos para o hotel, e pude notar muita pouca gente nas ruas, e várias lojas fechadas. É verao, praia (muitas e belas praias), em comparacao com outros destinos, é barato viajar para a Grécia e a ilha é linda e vive hoje do turismo. Achei estranho, bem estranho. Depois de caminharmos um pouco, pegamos o coletivo e voltamos para o hotel.

Decidimos nao encararmos a comida do hotel de novo e seguimos uma placa em frente ao mesmo que dizia "Restaurante New Panorama a 250m". Lá fomos nós. Chegamos em frente ao restaurante (nao tirei fotos, infelizmente) e notamos que era um bom restaurante. Aliás, julgamos pela aparência, primeiramente, claro. Entramos e notamos que havia apenas três mesas ocupadas (mais tarde contei "por cima" de veria haver pelo menos 50 mesas). Sentamos e o dono do restaurante veio nos atender.

Ele logo viu que éramos turistas e que recém tínhamos chegado à ilha, pois nao estávamos muito bronzeados. Nos questionou da onde vínhamos e, acreditem, ouvi da boca dele se eu nao era dinamarquês. Óbvio que essa hipótese remotíssima passou pela cabeca dele por causa da aparência da Bettina e nao da minha. Dissemos as nossas origens e entao descobrimos que ele já tinha morado na Alemanha, em Baden-Württemberg. Ele falava alemao também. Perguntou em que hotel estávamos e afirmou, "Que bom que vocês nao fecharam o pacote com 'tudo incluso'". Perguntamos como ele sabia e o senhor, esperto, respondeu "vocês nao estao usando a pulseira colorida". Ainda assim, retrucamos dizendo que pagamos meia-pensao e que teríamos direito ao jantar, mas decidimos sair para comermos fora. Pois bem, fizemos o pedido e aguardamos vir a comida.

A comida veio, jantamos, e no fim elogiamos a refeicao, pois realmente estava muito boa. Naquela altura, já éramos os únicos clientes no restaurante. Foi entao que, após pedir mais refrigerante, eu resolvi comentar com o dono do restaurante que eu achei que veríamos mais pessoas na praia, na cidade e no estabelecimento dele. Resumindo, para nós, nao parecia alta temporada e emendei "Quando é que comeca, realmente, a alta temporada?". Bah! Ele perguntou se poderia ir buscar a minha Coca-Cola e depois sentar-se conosco à mesa. "Sim, sim. Claro!" respondemos. Ele voltou com o meu refrigerante e na outra mao uma cachaca típica da regiao, feita com anís. Ambas bebidas, cortesia da casa.

Bom, a partir daí, foi possível conhecer um pouco mais da situacao que os comerciantes da ilha enfrentam. Se até aquele momento estávamos longe da realidade dos violentos protestos em Atenas contra as medidas que o governo quer tomar para tentar tirar o país do burcaco, passamos a conhecer a dura realidade das pessoas que vivem na ilha e dependem do comércio que o turismo proporciona para sustentar as suas famílias. Ouvimos muito, mas perguntamos também. A principal reclamacao do dono do restaurante e a justificativa para o seu e outros tantos restaurantes estarem vazios, sao os hotéis e as pessoas que estao lá hospedadas. Como eu disse antes, nao tivemos a opcao de pagarmos somente o café da manha. Tivemos que pagar também a janta. De acordo com o nosso "amigo", isso prende as pessoas aos hotéis. Agora imaginem 80% das reservas nos hotéis em Rodes feitas como "tudo incluso", ou seja, todas as refeicoes e mais salgadinhos e bebidas coloridas já pagas. Soma-se a isso, uma baita de uma piscina, fliperama e internet para as criancas ou adolescentes, mesa de ping-pong, karaokê e sei lá mais o quê. Nao precisa pegar ônibus, alugar carro, caminhar... E, para finalizar, a mudanca de púlbico que tem ido para a ilha. Cada vez mais as pessoas do "leste europeu" vao para lá, o que, segundo nosso interlocutor, contribui para a queda no comércio na ilha (nos últimos 4 anos, mais de 300 restaurantes/lojas fecharam), já que, sempre de acordo com o grego, as pessoas sao menos aculturadas e nao têm interesse de sairem para conhecer os sítios arqueológicos, acrópoles, cidades e nem curiosidade de experimentar a cozinha típica. Se nao saem do hotel, nao consomem.

Sinceramente, nao consigo acreditar que alguém gaste dinheiro para viajar até Rodes (ou qualquer outro lugar que nao conheca), mesmo nao sendo "uma fortuna", para ficar trancafiado em um hotel. Para mim é impensável. Duvidaria bastante do que ele nos relatou se eu nao tivesse ido às praias, em restaurantes e caminhado pelas ruas e também visto o hotel que ficamos com a piscina cheia de gente desde de manha cedo até a hora que a gente voltava dos passeios. Realmente, pela época do ano, achei as praias com pouca gente e o movimento nas lojas em geral, muito baixo. O nosso hotel estava cheio, sempre, inclusive às vezes nao tínhamos onde sentar para tomar aquele maravilhoso café da manha.

Bom, segue o baile: sentimos que o senhor estava muito revoltado com a situacao, uma pessoa amargurada, mas que falava com todo o amor sobre a ilha e as coisas bonitas que há nela. Nos indicou que fôssemos à Kalithéa no dia seguinte. Pagamos a conta e nos despedimos, mas antes de deixarmos o restaurante ele nos convidou para vermos umas fotos dele e das pessoas que já frequentaram o restaurante, entre elas um dos atores que fez o papel de James Bond em algum "007" que eu nao sei, mas antigo e o Telly Savalas, mais conhecido como Kojak.

Finalmente, fomos embora e seguimos o conselho dele para irmos à Kalithéa no dia seguinte.

3° dia - Kalithéa - Acordamos cedo novamente, fomos no restaurante tomar um café de máquina e pegamos uns croissants com gosto de nada. Depois de arrumarmos a mochila deixamos o hotel e fomos para a avenida principal, Rodes-Faliráki, para pegarmos o ônibus que nos levaria até as Termas de Kalithéa. Descemos em cima do morro que separa Kalithéa de Faliráki. Lá de cima pude bater fotos da orla de Faliráki como de outras praias em baías bem pequenas, ao pédo  morro. Depois de caminharmos um pouco, de admirar a paisagem e registrar tudo com a câmera fotográfica, chegamos nas Termas de Kalithéa.


Água brotando das rochas
O poder de cura das águas de Kalithéa era conhecido desde a Grécia Antiga pelas propriedades benéficas da "água vermelha" que brotava das rochas. Desde o tempo da Hexápole Dórica e dos Cavaleiros de Rodes as águas atraiam visitantes de todas as ilhas em volta e da costa da Ásia Menor. As termas eram ponto de encontro de ortodoxos, muculmanos e judeus. Em 1927 o governador da ilha, Mario Lago, tomou a iniciativa de coduzir um estudo sistemático daquela água com o propósito de criar uma moderna clínica hidroterapêutica. As pesquisas foram conduizidas por famosos hidrologistas e médicos. Em dezembro de 1928 o primeiro prédio foi contruído. A construcao era em forma de uma concha que funcionava como um filtro que controlava e regulava a entrada de ar e luz, proporcionando aos visitantes uma sensacao de bem-estar. As águas da Kalithea eram propícias para o tratamento contra artrite, obesidade, diabetes, doencas tropicais, disenteria malária, alergias, asma, cistite e problemas intenstinais.

Depois de muitos anos de negligência e abandono o concelho da cidade de Kalithea e seu prefeito, Iannis Iatridis, tomaram para si a importante tarefa de renovar o Monumento. As Termas de Kalithea foram restauradas com grande esforco e reaberta ao público em 2007.
Recentes estudos científicos confirmaram as propriedade terapêuticas da água e as renomadas nascentes serao, em breve, usadas novamentes com o propósito medicinal.

Após atravessarmos o estacionamento e passarmos o partao de entrada, nos deparamos com um chafariz. Cruzamos os esguixos d'água e paramos em outro portao onde havia uma bilheteria. Pagamos uns poucos e euros e entramos. Na nossa frente, um corredor com colunas e bancos brancos em ambos os lados, ripas de maideira no alto e as plantas vindas dos jardins também em ambos os lados, invadindo o espaco. O chao é decorado com mosaicos em pedras pretas e brancas Ao final desse corredor podíamos avistar a cúpula de uma das rotundas, contruída no nível do mar, mas nao as escadas que nos levaria a outros prédios e à baía.

Foto tirada na margem esquerda da enseada
Chegamos à rotunda e vimos uma grande banheira. Ao fundo uma estoa e nas nas costas a enseada de água cristalina, guarda-sóis e cadeiras milimetricamente arrumadas. À direita de quem chega na enseada há um caminho que leva para um bar/restaurante construído dentro das rochas e, ao lado, uma tenda com um DJ que controla a música. Em frente ao bar, muitas mesas, cadeiras e tendas, para proteger os clientes do sol. Tudo à beira d'água. À esquerda estao as cadeiras de praias e, caminhando mais um pouco acha-se mais um bar, porém menor, e outro DJ. Mais adiante, pedras e o mar. Ainda, seguindo o caminho da direita, chega-se à grande rotunda e a fonte de Eros. Pagamos mais uma vez pelo uso dos equipamentos de praia e nos instalamos. No início, ficamos sentados, só olhando tudo em volta... depois levantamo e fomos no bar almocar. Sentamos numa mesa bem à beira d'água, porém em um nível mais alto. Comemos e voltamos para as nossas cadeiras. Terminei de ler o meu livro (o quarto, desde que eu cheguei na Alemanha) e fui para a água. Nadei, mergulhei, plantei bananeira e tudo. Vi que havia muitas pessoas com esnórquel e óculos de mergulho. Fiquei uma inveja. Queria ver também o que eles viam, ainda mais naquela água tao clara. O mar era bem calmo e com várias pedras bem grande no fundo, onde podíamos nos apoiar ou ficar de pé. Passamos o resto do dia lá, sem fazermos muito esforco.

A fonte de Eros ao centro
Antes de irmos embora, fomos visitar a grande rotunda, onde está a fonte de Eros. A construcao foi toda reformada e está linda. Em volta da área da fonte há uma estoa, reformada também, muito bonita, com o chao todo em mosaicos. De lá, podíamos ver o mar também e as falésias próximas.

Voltamos para o hotel a pé. Idéia minha. Foi uma caminhada um pouco longo, pois tivemos que subir um morro, mas depois, foi tranquilo. Chegamos no hotel, tomamos banho e saímos para jantar.
Antes de dormir, decidimos que iríamos a cidade de Rodos, conhecer a cidade medieval, o porto e tudo mais que houvesse para ver lá.

As fotos dos três primeiros dias estao aqui ou na lista aí do lado direito.
A legenda da primeira foto de cada dia está entre asteriscos para melhor orientacao.

Até mais!

Nenhum comentário:

Postar um comentário